Agenda cultural livre (programa 4.37)


Lisboa

Até 2 de Março (2ª a sábado), 14:00 - 20:00
Perve Galeria (Rua das Escolas Gerais, 17, 19 e 23)

Exposição "Seres Grotescos"

Carlos Zingaro, autor cuja obra transversal e multidisciplinar dispensa apresentações sobretudo por se tratar de um dos músicos-compositores portugueses mais internacionais e dos mais conceituados na área da música experimental e jazz, manteve-se voluntariamente arredado do mercado da arte, sendo que a exposição antológica "Seres Grotescos" presta, justamente, homenageado, em contornos antológicos, à sua vasta produção plástica expressa em diferentes linguagens: pintura, desenho, ilustração e instalação multimédia.
A excelência do seu trabalho marcou várias gerações, dando cor a cenários de várias companhias de dança, entre as quais o Ballet Gulbenkian, e a capas de discos de referência da música portuguesa e internacional, tendo ainda sido destacada em exposições como “Tinta nos Nervos” que o Museu Coleção Berardo apresentou em 2011.
Para assinalar os 40 anos de trabalho autoral, no dia 21 de Fevereiro, pelas 18h, será lançada uma edição especial assinada e limitada a 30 exemplares do catálogo da exposição acompanhado por uma serigrafia de uma obra emblemática patente na mostra e por um CD com temas inéditos do autor. Carlos Zingaro marcará presença no lançamento e estará disponível para autografar a edição de forma personalizada.
Ainda no dia 21 de Fevereiro, pelas 19h, terá lugar novo concerto do músico, na sequência do espectáculo de lotação esgotada realizado aquando da inauguração da exposição, onde se fez acompanhar por Luís Buchinho (guitarra) e João Pedro Viegas (clarinetes).




Braga

28 de Fevereiro (5ª feira), 21:30
Velha-A-Branca Estaleiro Cultural (Largo da Senhora-a-Branca, 23)

Aulas Dançantes "A Velha Dança - Improvisos, Provisos, Visos e Sós"

A dança chegou à Velha. Porque a Velha actual é uma cooperativa cultural e o João [Vaz] alguém que gosta de criar coisas e de as partilhar com pessoas, chegou-se a um acordo: uma vez por semana, à 5ª feira, a partir das nove e meia da noite, há sessões de improviso em dança, abertas a quem goste de expressar o prazer da música através da dança, a quem goste de o fazer interagindo com outros. A dimensão da sala não permite que dancem muitos ao mesmo tempo, mas nem todos estarão a dançar todo o tempo, haverá também que descansar. Quem vier com vontade de dançar fá-lo-á. Sapatos confortáveis e flexíveis, que façam alguma tracção mas também deslizem; ou então um sapato confortável bom para sapateado; e roupa cómoda, sem esquecer a mobilidade, porque a ideia é suar.




Coimbra

Até 1 de Março (2ª a 6ª feira), 9:30 - 12:30 e 14:00 - 18:00
Casa da Escrita (Rua Dr. João Jacinto, 8)

Exposição "Povo Novo Virtual" (inserido no ciclo "Nas Escritas PO.EX")

A iniciativa centra-se na Poesia Experimental (PO.EX), que se desenvolve através da relação entre a poesia concreta e visual e as artes visuais, plásticas e performativas – movimento PO.EX – resultando de uma atitude de experimentação e de indignação permanentes em relação às diferentes linguagens artísticas.
O ciclo "Nas Escritas PO.EX" desafia um conjunto de oito autores (escritores e artistas) a cruzar as suas obras e a mostrá-las ao público, através de um ciclo de oficinas de criação e de experimentação poiética, permitindo que o público possa contactar o autor e o processo criativo in loco.
A presença / intervenção / residência de cada autor convidado contempla a organização de uma exposição bibliográfico-documental e iconográfica, evocativa da sua trajectória artística.
Durante o mês de Fevereiro, o artista convidado é Silvestre Pestana que apresenta a exposição "Povo Novo Virtual".




Ferrol

Até 27 de Março (4ª feira), 20:30
Cine Duplex (Travesía Moreno, 3)

Ciclo de cinema bélico

27 de Fevereiro: "Heartbreak Ridge" (1986), de Clint Eastwood.




Até 28 de Fevereiro (5ª feira), 20:30
Cine Duplex (Travesía Moreno, 3)

Noites de cinema e poesia

28 de Fevereiro: "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha.




Porto

Até 6 de Março (4ª feira), 16:30
Sala Nobre da Universidade Lusófona do Porto (Rua Augusto Rosa, 24)

Ciclo de cinema "Ontem Como Hoje"

Novo semestre de aulas, novo Ciclo do Cineclube da Lusófona do Porto. "Ontem Como Hoje" é programado por José Maia, docente do curso de Comunicação Audiovisual e Multimédia, que, em cada sessão, apresentará o filme e dinamizará o debate no final.
  • 27 de Fevereiro: "Ossos" (1997), de Pedro Costa.

Programa 4.37

A Rute já assentou arraiais na Alemanha mas nem essa distância nos impede de continuar a trazer semanalmente o Marca Branca. Esta é a primeira edição neste novo formato de "quartos separados".

Fear Of Tigers - Please Don't Leave [Edição de autor]
A.M.O.R - Novo Dia [Edição de Autor]
Dyman  - There's No Space For Melody [Enough Records]
Surfing Leons feat. Miss Eaves - Banga [Enchufada]
Coakira - Siberian Syndrome [NKS International]
Sango - Vem Vem  [Soulection]
Mr. Dee - Winter (Bet On Remix) [Deep-X Recordings]
Typicalflow & MF Lef - Contacts [Lucky Time]
Mr. Octupus - Katee Goes Kayakking [Edição de autor]
Kiddo - For The First Time [blocSonic / Weissekalt / Blauwarm]
The Thinker - World Revolution [Cicuta Netlabel]

Agenda cultural livre (programa 4.36)


Lisboa

Até 31 de Março (4ª a domingo), 15:00 - 19:00
Lumiar Cité (Rua Tomás del Negro, 8A)

Exposição "The Dockers' Museum"

Allan Sekula é um reconhecido fotógrafo, teórico, historiador de fotografia e escritor. Usando fotografias a cores em conjunto com texto, o seu trabalho incide sobre os sistemas econômicos, um assunto que é muitas vezes considerado incompatível com o campo da arte.
Para Allan Sekula é irrelevante que a fotografia tenha sido finalmente reconhecida como um outro qualquer meio artístico, ao lado da pintura ou da escultura. Sekula considera que a modéstia do meio e a possibilidade que oferece para obter conhecimento através de uma observação precisa é uma característica sua sobejamente interessante. Contando com a sua capacidade para descrever aspetos dos sistemas económicos no âmbito das artes visuais, através do que é vulgarmente chamado de prática "documental", Sekula procura oferecer uma alternativa clara ao tipo de fotografia que habitualmente é mostrado dentro do sistema contemporâneo de museus e galerias. De acordo com o artista, na sua essência, o sistema referido prepara o trabalho para um "futuro antiquário", que condena a arte a conformar-se como relíquia museológica.
O espaço Lumiar Cité inaugura a exposição "The Dockers’ Museum", da qual fazem parte fotografias da série "Ship of Fools" e o filme "The Forgotten Space" (Allan Sekula, Noël Burch). A configuração da exposição é definida, a partir de uma ênfase em caricaturas e objetos relacionados com o mundo dos trabalhadores portuários e marítimos, o que se reflete no próprio título da exposição. Os objetos de interesse colecionados pelo artista e as caricaturas por ele apropriadas, não devem ser entendidos como obras de arte, mas eles contextualizam a fotografia e o filme de Sekula, enquanto estes, por sua vez, contextualizam a atividade em curso do artista na coleta desses itens. Sekula encontra os seus objetos de interesse em sites de leiloeiras, contrastando a mística "velocidade da luz" da internet com o movimento lento do transporte de cargas - noventa por cento das quais é movida pelo mar.




Braga

Até 1 de Março (2ª a 6ª feira), 9:00 - 12:30 e 14:00 - 17:30
Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho (Largo do Paço)

Exposição "Os Irmãos Grimm - Vida e Obra"

Grande mostra comemorativa dos 200 anos do lançamento dos contos e fábulas que marcam gerações. Vem da Alemanha e é revelada pelo Conselho Cultural da Universidade do Minho, com apoio do Dep. Estudos Germanísticos e Eslavos do ILCH e da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
Tratando-se de um tema transversal que a todos interessa, pois os irmãos Grimm foram os grandes divulgadores das fábulas e contos que marcaram e continuam a marcar gerações (Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel, O Príncipe Sapo, O Lobo e as Cabras, A Bela Adormecida, etc.), é de grande interesse para professores e alunos de todos os graus de ensino.
Em paralelo vão ser organizadas conferências sobre o tema, a que está associado o Departamento de Estudos Germanísticos e Eslavos da Unuversidade do Minho. A conferência de encerramento é a 28 de Fevereiro, às 15:00, no salão nobre da Reitoria.
Há também um ciclo de cinema alemão, dedicado aos contos dos Grimm, no Auditório do Instituto de Letras e Ciências Humanas. Os filmes a exibir são "A Senhora Holle" (Frau Holle), a 19 de Fevereiro, e "O Alfaiatezinho Valente" (Das Tapfere Schneiderlein), a 27 de Fevereiro. As sessões são às 17:00.




Coimbra

Até 28 de Fevereiro (4ª feira), 17:30
Casa Municipal da Cultura (Rua Pedro Monteiro)

Ciclo de Cinema Fantástico dos anos 30 e 40

A arte cinematográfica, abordando diferentes géneros, dotados de uma riqueza estética comprovada, leva à apresentação, durante o mês de Fevereiro, do cinema sonoro dos anos 30/40. Este género é caracterizado pelo aparecimento dos "vilões" do terror. Nesta época ficaram associados aos seus papéis, através dos filmes mudos, os atores Conrad Veidt (The Cabinet of Dr. Cagliari, 1920), Max Schreck (Nosferatu, 1922), entre outros, e realizadores como Murnau (Nosferatu, 1922; Faust, 1926), Hitchcock (The Lodger, 1926), Fritz Lang (Metropolis, 1927 e M 1930), Tod Browning, James Whale, Robert Wise e Mark Robson. As décadas de 30 e 40 marcam a consagração de dois maiores actores da época: Bela Lugosi e Boris Karloff.
Pretende-se reafirmar que o fantástico é um género literário / cinematográfico que invadiu a arte cinematográfica definindo narrativas ficcionais que possuem elementos não explicados pela lógica da nossa realidade.
  • 20 de Fevereiro: "The Body Snatcher" (1945), de Robert Wise




Ferrol

Até 27 de Março (4ª feira), 20:30
Cine Duplex (Travesía Moreno, 3)

Ciclo de cinema bélico

20 de Fevereiro: "A Ponte Sobre o Rio Kwai" (1957), de David Lean.




Até 28 de Fevereiro (5ª feira), 20:30
Cine Duplex (Travesía Moreno, 3)

Noites de cinema e poesia

21 de Fevereiro: "Man of Aran" (1934), de Robert J. Flaherty.




Porto

Até 24 de Fevereiro (3ª a domingo), 10:00 - 18:00 (3ª apenas 14:00 - 18:00)
Museu Nacional de Soares dos Reis (Palácio dos Carrancas, Rua D. Manuel II)

Exposição "Ciência e Arte"

A exposição temporária "Ciência e Arte" apresenta um conjunto de obras de artistas contemporâneos, integrando Fotografia, Ilustração, Documentário Audiovisual, Animação, Artes Plásticas e Arte Multimédia Interativa.
Esta iniciativa é organizada pelo Ciência 2.0 e pretende desenvolver e divulgar a criação artística contemporânea que estabelece pontes entre Ciência e Arte. As obras expostas foram selecionadas após um processo de candidatura sujeito à avaliação de um júri constituído por artistas e cientistas.
Entrada livre ao domingo entre as 10:00 e as 14:00.

Programa 4.36

É um sinal dos tempos: o Vaticano iniciou um projecto que visa digitalizar toda a sua biblioteca de 80 mil livros e documentos. A ideia é que fique disponível para qualquer pessoa e a qualquer hora através da página da Biblioteca do Vaticano.
E falando em internet, pode estar a caminho uma revolução na velocidade de transferência de dados. é bem possível que daqui a uns anos já tenhamos uma net milhões de vezes mais rápida (sem hipérbole) que a actual.
Para a agenda, trazemos fotografia em Lisboa, contos tradicionais em Braga, cinema em Coimbra e em Ferrol, e arte com ciência no Porto.

Blurry Lights - Let's Fly Away [Hidden Vibes]
Captain Steel - Power Failure [Enchufada]
Nexus VI - Away [Synthematik]
Taigerbery - Queen [Southern City's Lab]
The Ocean Doesn't Want Me - Roots Point The Way [Torn Flesh Records]
DISCOFORGIA - Neuroticism [Starquake Records]
Roel Funcken - Buron Hin [Pavillon36 Recordings]
RMSS Systems Inc. - Mr. Aiden Alien Blake [Reactive Magnetron Spoiler]
May And December - YouGear [Picpack]
Hoob - Pug On Extacy (Radio Version) [Internet Recordings]

Programa 4.35

Hoje, a Rute fala-nos dos planos da FCC, a Comissão Federal de Comunicações americana, para criar uma super rede wifi de internet - de acesso gratuito - por todos os Estados Unidos. Há gente que rejubila com a ideia mas também há vários fornecedores de internet com os cabelos de pé!
Na nossa agenda cultural livre sugerimos cinema, exposições e conferências.

Stray - Chewbacca [Monster Jinx]
Stray - Sola Vermelha [Monster Jinx]
PLATO - Lmd [Ephedrina]
Azevedo Silva - Pena [Lástima]
Forelle Für Submarine Aktivitäten - Güterzug [Widerstand Zwecklos]
Lá Eles - Pela Cidade [Subterrâneo Records]
Rotten - There's Not Democracy [Nación Libre]
Jazzo & Melodiesinfonie - Verschmutztes Wasser [Soulection]
Super Science - We're Like Air... Everywhere At Once [Monotonik]
L'Orange - Alone (feat. Blu) [Edição de Autor]

Agenda cultural livre (programa 4.34)


Lisboa

2 e 9 de Fevereiro (sábados), 10:00 - 18:00
Sala Luís de Freitas Branco, Centro Cultural de Belém (Praça do Império)

Curso "Viagens Pela História do Fado"

O Fado é um género performativo que integra música e poesia, desenvolvido em Lisboa no segundo quartel do século XIX, como resultado de um processo de fusão multicultural que envolveu danças afro-brasileiras recém-chegadas à Europa, uma herança de géneros locais de canção e dança, tradições musicais de zonas rurais trazidas por vagas sucessivas de imigração interna e os padrões cosmopolitas da canção urbana do início do século XIX.
No século XX o Fado converteu-se no mais popular género de canção urbana em Portugal e é reconhecido pela maioria das comunidades portuguesas como um símbolo da identidade cultural nacional, no seu conjunto. A sua disseminação através da emigração portuguesa para a Europa e para as Américas, e mais recentemente através do circuitos da World Music, tem vindo também a reforçar, no plano internacional, a percepção desse seu papel identitário, conduzindo ao mesmo tempo a um processo crescente de trocas interculturais com outros géneros musicais.
Orientação de Rui Vieira Nery.
Entrada livre mediante inscrição prévia para inscricoes.ciclos.humanidades@ccb.pt (enviando a ficha de inscrição).




Braga

Até 6 de Fevereiro (4ª a domingo), 21:00 - 1:00 (4ª a sábado) / 18:00 - 24:00 (domingo)
Velha-a-Branca - Estaleiro Cultural (Largo da Senhora-a-Branca, 23)

Exposição "Viagem por Marrocos dos Berberes"

Esta exposição reúne fotografias feitas entre 2010 e 2012, altura em que a autora, Emilie van de Looverbosch esteve em Marrocos e participou em duas experiência de voluntariado. As suas fotografias são o testemunho da experiência neste País incrível, pretendendo através delas destacar a cultura Berbere. Em Marrocos assistiu também a várias práticas enraizadas na cultura e economia, que de uma perspectiva ocidental poderão ser vistas como injustas.
Emilie van de Looverbosch é belga e natural de Antuérpia. Estudou comunicação nesta cidade e também em Barcelona e Louvain-la-Neuve.




Coimbra

Até 9 de Março (3ª a sábado), 10:00 - 18:00 (fecha entre as 13:00 e as 14:00 ao sábado)
Galeria Almedina (Arco de Almedina)

Desenhos de Inês dos Aidos

De traço firme e expressivo, os Desenhos que Inês dos Aidos torna públicos, pela primeira vez, revelam o seu carácter sensível e um potencial artístico muito promissor.
Uma breve passagem pelas Belas Artes acrescentou algum rigor académico aos retratos executados a partir de modelos estáticos, algumas vezes reunidos em composições em que a autora se liberta da disciplina imposta pelo mestre para revelar uma natural tendência para uma estética mais contemporânea, consentânea com a sua juventude.




Ferrol

Até 27 de Março (4ª feira), 20:30
Cine Duplex (Travesía Moreno, 3)

Ciclo de cinema bélico

6 de Fevereiro: "Escape From Alcatraz" (1979), de Don Siegel.




Até 28 de Fevereiro (5ª feira), 20:30
Cine Duplex (Travesía Moreno, 3)

Noites de cinema e poesia

7 de Fevereiro: "Bande à Part" (1964), de Jean-Luc Godard.




Porto

Até 7 de Abril (3ª a domingo), 10:00 - 12:30 e 15:00 - 18:00 (3ª a 6ª), 15:00 - 19:00 (sábados, domingos e feriados)
Centro Português de Fotografia (Edifício da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, Campo Mártires da Pátria)

Exposição "Català – Roca, Obras-primas"

A obra de Francesc Català-Roca (Valls, 1922 - Barcelona, 1978) constitui a pedra basilar da fotografia documental em Espanha.
Ninguém, como ele, soube intuir primeiro e construir depois, um discurso pleno de autenticidade, fé e consciência numa linguagem de imagens destinadas a reconhecer e a reconhecermo-nos. A reportagem fotográfica atingiu, com o seu trabalho, uma sintaxe nova, uma estrutura firme e decidida, afastando-se, sem hesitação, de qualquer tentativa experimental e de qualquer ambição artística. O fotógrafo – segundo a convicção de Català – actuava como um sequestrador de imagens da realidade quotidiana. A sua missão era resgatar, imobilizar instantes que a fotografia transformaria em momentos relevantes. Sem intervir, sem construir nada para além do instante e da óptica.
Català determinou, com a sua obra, o mais duradouro legado fotográfico. Com a sobriedade de quem se vê como mero espectador de uma realidade intocável, aplicou a sua particular cirurgia óptica para converter o quotidiano em transcendental e transformar, assim, as suas fotografias em ícones de memória. Soube construir, de forma intuitiva, o seu próprio discurso plástico ligado à tendência realista, a fotografia directa, a observação e decomposição do meio ambiente, com regras geométricas impostas pelo visor da câmara.
A sua intuição ultrapassou os princípios teóricos de Cartier-Bressón, que conheceria mais tarde e ao qual precedeu nos conceitos sobre a construção do instante decisivo do disparo da câmara e que, posteriormente, constituiriam o ADN da reportagem fotográfica mundial.
O importante está no olhar do fotógrafo, no projeto de Català, em fazer de forma simples e directa o impulso de fotografar; em subtrair em vez de adicionar, em olhar de frente, em enquadrar desde a cintura, em disparar desde o coração, em estar dotado de curiosidade e empatia por tudo o que é humano.
As imagens deste obstinado e empenhado fotógrafo dignificaram tudo aquilo em que tocaram. Não há vislumbre de condescendência nem de julgamento quando dirige o seu olhar às pessoas humildes do campo ou da cidade. Sabe respeitar a distância exacta para narrar como testemunha, como fotógrafo ausente, e consegue converter a fotografia num acto banal.
A sua incansável dedicação à tarefa de descrever este país ao longo de três décadas, deixou-nos um legado de mais de 200.000 negativos impecáveis, já que no seu cuidado por descartar o supérfluo, destruiu todos as imagens imperfeitas.
As suas imagens povoam a nossa memória como ícones do passado. Ao contemplá-las, as nossas próprias recordações são revividas com nitidez. É a imbatível essência da fotografia documental. A excelência de reunir a verdade e a beleza em duas dimensões. O legado de Francesc Català-Roca.